terça-feira, 24 de maio de 2016

Precisamos falar sobre relacionamentos abusivos...

 
Todas nós, infelizmente, já tivemos (ou estamos) em contato (dentro ou fora) com os relacionamentos abusivos.
Falar desse assunto, implica englobar as diversas formas relacionais as quais estamos envolvidas: familiar, conjugal, profissional, etc. Esse texto será direcionado as relações conjugais/amorosas.
Do meu ponto de vista (que é um ponto mesmo no infinito) percebo que naturalizamos violência como abusos físicos, porém o ato vai além...  O ministério da saúde dá por conceito de violência “o evento representado por ações realizadas por indivíduos, grupos, classes ou nações que ocasionam danos físicos, emocionais, morais e ou espirituais a si próprio ou a outros", logo, para identificarmos uma relação abusiva, será necessário considerar a presença de inúmeros atos de violência, alguns quase imperceptíveis aos olhos, principalmente, da vítima.
Primeiramente é importante que se entenda que qualquer ação que tire sua liberdade é um ato de abuso. Quando seu companheiro (a) pede "carinhosamente" (ou não) para que você não vista aquela roupa, ou que não saia para aquele lugar sozinha, ou que não coloque aquele batom, ou que não ande com aquela amiga, aí está ocorrendo ABUSO, pois é tirado seu direito de escolha.
Há alguns sinais de alerta que nossos (as) companheiros (as) nos dão, mas que muitas vezes pela fragilidade emocional (ou outras questões) não percebemos. Um exemplo é a "difamação da ex": quando a pessoa culpa a antiga companheira de tudo que deu errado em seu antigo relacionamento, tirando assim a sua própria responsabilidade e facilitando a criação da, tão comum, rivalidade feminina... Nesse caso vale lembrar que a próxima "ex louca" será VOCÊ! Então é importante ter sororidade até mesmo nessas horas, questionar, tentar entender o contexto para não demonizar a mulher em um espaço que é ocupado por dois, afinal não se faz relacionamento com uma só pessoa.
Como identificar se você está em um relacionamento abusivo? 
Quando há presença de violência física ou sexual, fica claro que a relação é abusiva, mas quando ela é de cunho psicológico, simbólico ou financeiro (ou tudo isso junto) fica mais difícil de compreender ou aceitar que você é vítima de uma relação abusiva. Alguns passos que podem ajudar a identificar:
  1. Questione-se: pergunte a si mesma se você têm deixado de fazer coisas que você gosta, para não desagradar seu parceiro (a);
  2. Fique atenta ao discurso: tente perceber se alguns pedidos que são feitos a você implicam na perda da sua autonomia ou liberdade;
  3. Atente-se aos comportamentos do outro: perceba como a pessoa trata outras mulheres (mãe, irmãs, amigas), se as despreza, xingam ou tiram seu espaço de fala;
  4. Autoconhecimento: tente deixar suas emoções claras para você mesma, e perceba se você têm se sentido angustiada, com medo ou sozinha;
  5. Procure ajuda: se você constata que está em um relacionamento abusivo, procure ajuda psicológica e nas redes de apoio¹.
 



 
É preciso esclarecer alguns pontos:
  • Identificar uma relação abusiva não implica necessariamente que você terá que terminar seu relacionamento. Com o acompanhamento necessário, o casal pode ressignificar os papéis que ocupam na relação, transformando-o em um relacionamento saudável;
  • Os abusos não são exclusivos de relacionamentos héteros, eles estão presentes também nas relações homoafetivas;
  • O empoderamento é uma grande arma para o enfrentamento de qualquer tipo de violência.
Enfrentar uma situação difícil com apoio é muito mais fácil, ajudem as mulheres!
 

¹Livre de abuso é um projeto maravilhoso que é uma MEGA rede de apoio para as vítimas e para quem quer ajudar as vítimas de violência. Há também uma pagina do Governo Federal que vale muito a pena o clique Rede de Enfrentamento à Violência contra a Mulher.
 
Sobre a autora: Tatiane Rafailov é Psicóloga Clínica, feminista e mãe. Adora cinema, séries e cultura POP. Nas horas vagas escreve bobagens, devaneios, poesias e coisas sérias para extravasar a difícil tarefa de ser e existir. 

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