quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Nossa responsabilidade nas ocupações dos estudantes.

Centro de Ensino Médio 414 de Samambaia
Esse texto é dirigido a todos aqueles que já batalharam as guerras da juventude, e com a companhia de suas cicatrizes dessa fase, vivem seguros em terras calmas da aceitação proporcionada pela vida adulta.

Sim, nós conseguimos! Estamos em terras calmas, previsíveis e graduamos enquanto seres humanos pacíficos e compreensíveis. Não iremos mais nos rebelar, nossos pais estavam certos, as coisas são como elas são e não iremos mudar o mundo. E antes dos gritos de conformistas que logo irão soar, peço que entendam que é que batalhas cansam demais, assustam demais, trazem insegurança e dor. Refugiados na vida adulta, aceitamos as imposições desse novo estado, como quem que não sente-se autorizado a mudar o jogo que pegou na metade.

No entanto, vocês lembram como era lindo o país da juventude? Nossa pátria amada que, mesmo com tantos conflitos, prometia tanto e tanto? Todos nós saímos vivos de lá por motivos diversos, mas ele continua ali, companheiros expatriados. Batalhas são travadas todos os dias, jovens caem aos montes, alguns com cicatrizes, outros sem vida.

Hoje, gostaria de falar sobre a batalha que nossos jovens secundaristas e universitários estão enfrentando. Há um tempo assistimos eles lutando por ideais diversos, com uma força que até espanta, e recentemente eles engajaram em uma luta por toda a população e por aqueles que estarão no lugar deles no futuro. Eles lutam contra o congelamento na saúde e educação e o engessamento do ensino médio.

Recentemente, Ana Júlia, jovem secundarista que representou a União Brasileira de Alunos Secundaristas (UBAS) em uma reunião com parlamentares em Curitiba, falou da luta que eles estão enfrentando, seus ideais e motivações. E com uma dose maior de coragem, ela também falou da fragilidade da juventude, do enorme esforço que eles precisam fazer para entender o que está acontecendo, e de construir uma visão a respeito do contexto social.

E qual nossa responsabilidade diante disso? Nós já lutamos nossas lutas, nosso modo de batalhar é diferente agora, não vamos sair por aí ocupando escolas. E não vamos mesmo! Não podemos dizer pelo o que e como os jovens vão lutar, a escola é deles e são eles que tem que ocupar, mas nós somos responsáveis sim! Resta a nós, experientes em batalhas, que proporcionemos um espaço seguro e acolhedor para que o jovem faça a revolução deles.

Milhares de escola no Brasil estão ocupadas. Reforço o convite dos secundaristas e dos estudantes dos IF’s: visitem uma escola ocupada. Levem água, comida, distração, compreensão e escuta. Levem amor, acolhimento e força. Levem encorajamento, ambiente e reconhecimento. Deixo aqui o link da lista das escolas ocupadas, e descrevo abaixo as escolas no Distrito Federal que estão ocupadas no momento.

Entre em contato pela page do Resistência Feminina para saber pontos de arrecadação para as ocupações.

Escolas e IFBs ocupadas no Distrito Federal:

·         Brasília - CEM 304 Samambaia
·         Brasília - CEM Setor Oeste
·         Brasília - CED 01 de Planaltina
·         Brasília - CED Gisno
·         Brasília - CEM 111 do Recanto das Emas
·         Taguatinga - CEM TN
·         Brasília - CEM Elefante Branco
·         IFB Estrutural
·         IFB Planaltina
·         IFB Riacho Fundo
·         IFB Samambaia
·         IFB São Sebastião


Sobre a autora: Rach é psicóloga, tem tentado ser escritora e vive na internet desde que isso tudo era capim. Quando criança, perguntou certo dia a sua mãe porque ela dizia "não vou colocar meus filhos homens para lavar a louça se tenho uma moça em casa", e depois de tantas outras perguntas sem resposta, se apaixonou pela bruxaria, se indignou com o machismo e se descobriu feminista.